A Melissa, uma das marcas produzidas pela Grendene (Farroupilha/RS), está acelerando o seu processo de transformação digital. O projeto Melissa Plus, iniciado há um ano e maio, integra a Galeria Melissa, o Clube Melissa (330 franquias em todo o Brasil) e o site da marca para atender ao consumidor de forma única e facilitar a compra.
Em maio, o projeto chega à segunda etapa, denominada de shift from store (ou envio da loja). Nela, o consumidor pode comprar no site e receber o produto em casa diretamente da loja mais próxima, o que resulta em redução do tempo de entrega e otimização do estoque. “É como se a Melissa passasse a ter 330 CDs no País, e não apenas um único, como é atualmente”, explica André Bregalda, coordenador do projeto.
Processo em três etapas
Segundo ele, a terceira etapa (pick-up on store ou retire na loja) será implementada após o fim da pandemia da Covid-19 e, além de beneficiar o consumidor, deve aumentar o giro de produtos nas lojas.
A primeira etapa do projeto (buy online on store ou compre online na loja) foi implementada em dezembro de 2019. Ela utiliza a prateleira infinita, conceito omnichannel que abrange a integração dos estoques de lojas físicas e virtuais e visa evitar a perda de vendas por falta de produtos, ou de um produto específico, no momento da compra. Na fase de testes, cerca de 500 operações de vendas foram efetuadas.
Flexibilização
Conforme Bregalda, devido ao distanciamento social imposto pela pandemia do novo coronavírus, a empresa decidiu flexibilizar o projeto, alterando a ordem das etapas. A terceira foi antecipada para este mês e a segunda, adiada para o período posterior ao fim da pandemia.
O Melissa Plus está sendo desenvolvido em conjunto pela SetaDigital, de Cascavel/PR, e pela equipe de TI da Grendene, com o apoio de uma consultoria tributária contratada. Juntos, elas tiveram que atender a uma série de requisitos, como a transformação digital das marcas em geral, as novas demandas dos clientes (que querem agilidade e praticidade no dia a dia e, por consequência, ao comprar), a redução do índice de ruptura de estoque, o aumento do fluxo nas lojas e o crescimento do tráfego no site da marca.
A troca de sistema ainda está em curso (faltam ‘virar’ poucas lojas), mas diversas ferramentas desenvolvidas já estão sendo utilizadas nas lojas Melissa, como o checkout mobile para os vendedores e a possibilidade de o consumidor pagar com cartão, ambas diretamente relacionadas à experiência de compra.
À frente das concorrentes
Com a implantação do Melissa Plus, o índice de ruptura de estoques nas lojas Melissa foi minimizado e a marca encontra-se à frente das concorrentes no que diz respeito ao e-commerce. “Estamos no momento de colher os frutos após os investimentos em um projeto de base”, acrescenta Bregalda. Para ele, as perspectivas de vendas para os meses seguintes são positivas, pois o consumidor deve ter cautela em frequentar lojas físicas e preferir fazer compras online, que tiveram crescimento expressivo nos últimos meses.
Hora de investir em e-commerce?
Conforme Rosi Kichel, diretora de relacionamento da SetaDigital, a queda de vendas em função da Covid-19 leva muitos lojistas de calçados a quererem investir em e-commerce, mas o investimento somente deve ser feito se estiverem claros fatores decisivos como saber onde a loja está, onde ela quer chegar e o que o cliente efetivamente quer. “Nessa hora, o mais importante é potencializar o que você, lojista, tem de melhor”, afirma.
“Loja física e loja on-line são negócios diferentes”, acrescenta Bregalda, que também sugere aos lojistas interessados pesquisar, ter um sistema de gestão eficiente e definir claramente os processos internos. Se decidir investir em um e-commerce, dê um passo após o outro e veja a reação dos consumidores. Analise os resultados e busque engajar a equipe em seu projeto. Não importa quantos passos você deu para trás, mas quantos você dará para frente” enfatiza.
