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Ativismo: a evolução do conceito de bem-estar

Moda
Por Cristina Sant`Anna - 12-01-2018

Desde fins do século 20, estamos ouvindo falar muito mais em bem-estar e assistindo às pessoas concentrarem-se em cuidar de si mesmas. O autocuidado virou um exercício de vaidade – autoindulgência incentivada pela tecnologia e redes sociais – beirando mesmo o egoísmo. O conceito de bem-estar foi corrompido e perdeu sua verdadeira definição. Mas, a esta altura do século 21, nosso lugar no mundo vem sendo questionado e transformações sociopolíticas estão desencadeando divisões ao redor do mundo. O ódio, em sua forma mais visceral, cresce e provoca um choque cultural, ao mesmo tempo em que surge um novo senso de otimismo. Iniciativas que representam mudanças, como os movimentos de ativismo em prol da inclusão, retratam um estimulante olhar para os outros e para mudar o mundo. E é bom pensar que a definição de bem-estar parece tornar-se menos sobre si mesmo e mais sobre os outros.



Movimentos altruístas passaram a abordar questões globalmente relevantes que afetam muito mais pessoas do que apenas o círculo imediato de alguns indivíduos. O foco na política, igualdade de gênero e racial, empoderamento feminino, direitos LGBT, ameaças ambientais e questões de imagem corporal e de saúde, entre outros temas, mostram que o bem-estar evoluiu do eu para o nós, do passivo para o ativo e do curto prazo para o longo. A antiga visão idealizada do que significa bemestar tornou-se sinônimo de exclusão e agora se criou o momento da inclusão e do ativismo em prol das causas dos excluídos.



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Tendências x prioridades



Os movimentos de tendências, como o do bemestar, estão intrinsecamente ligados aos estilos de vida e prioridades das pessoas e têm sido o foco das indústrias, designers e, claro, dos consumidores. As marcas passaram a atrelar seus investimentos aos desejos destes consumidores e cada vez mais se tornam ativistas de movimentos em prol do bem-estar coletivo. Como reação à massiva campanha para o corpo perfeito, por exemplo, surgem os movimentos de aceitação e celebração dos corpos como eles são. Neste caso, o bem-estar procura uma abordagem mais inclusiva, centrada na autoaceitação para criar um equilíbrio entre saúde e prazer.



As marcas podem e devem canalizar isso e se tornar mais do que apenas vendedoras de mercadorias. Produtos e serviços, agora, precisam estar atrelados a ações que abordem as questões sociais, ambientais e políticas. Cada vez mais, estamos buscando uma sensação de bem-estar através de formas socialmente conscientes. 



Sendo assim, as empresas podem se tornar ferramentas dinâmicas para ajudar as pessoas a se sentirem parte de uma mudança ativa. Esse novo modelo de bem-estar foca em ajudar os consumidores a buscarem o equilíbrio interno por propósitos, valores e impacto para o bem com uma consciência de como suas ações afetam os outros. Fique atento a isso e reveja seu discurso.